sábado, 4 de abril de 2020

Porque ler pode ser legal!!

O caso é o seguinte: ao longo da minha vivência de professor, por percepção própria ou em conversas com outros professores, eu entendi que uma das grandes dificuldades que o estudante tem é quanto à interpretação de texto. São vários os motivos, elencados até por levantamentos meus feitos em sala de aula com vocês, estudantes, que vão desde a falta de interesse pela leitura (não vista essa carapuça se a situação não lhe diz respeito, mas entenda que é a realidade da grande maioria), passando pela falta de paciência para o exercício de interpretação do texto, pela pouca quantidade de referências que o estudante traz, entre vários outros fatores. O problema é que uma coisa influencia bastante a outra nessa escalada de fatores: se você não gosta de ler nada, não vai conseguir juntar referências sobre nada; se você não tem referências sobre nada, não vai conseguir compreender o mínimo que o texto traz de informação; se você não compreende absolutamente nada, você não vai se interessar pela leitura. Sacou como é um ciclo vicioso?!

E o pior é que, sendo um exercício de extrema importância no seu processo educacional, que culmina na realização de provas, testes e exames, na escola ou fora dela (como é o caso do Enem), conseguir interpretar os textos, nesses casos, é um exercício que você vai ter que fazer sozinho. Ninguém vai poder ficar do seu lado pra ter ajudar a interpretar o que está escrito no enunciado da questão. E, vamos ser sinceros, o que você mais faz na escola é ficar esperando o professor explicar as coisas pra você. Um hábito que é latente na escola é o fato do aluno não assumir uma postura ativa no momento da aula. O tempo de atenção que o estudante dedica é muito pouco; você passa do modo focado para o modo difuso em menos de 5 minutos; raramente você pergunta, faz um comentário, lembra de alguma coisa que tenha relação com o que está sendo trabalhado em sala e participa de alguma forma, falando, perguntando, respondendo ou dando a sua opinião sobre qualquer coisa. Quando muito, você se coloca na condição de quem está prestando atenção ao professor, e se limita à isso. Deixa eu dizer uma coisa pra você: seu professor não é o Senhor todo poderoso, conhecedor de todas as coisas que existem no mundo! E agora um segredo: tem coisas que você sabe muito mais do que o seu professor.

E tem mais: se o seu professor for um cara ético, no sentido profissional, tudo o que ele passa pra você de conhecimento, ele aprendeu em algum lugar: num livro, numa palestra, numa conversa com pessoas (que podem ou não ser professores) que sabem mais sobre aquele assunto. Claro que alguma coisa pode vir da vivência dele próprio, ou como resultado de uma pesquisa que ele fez. Mas, de novo, se ele for ético e profissional, ele vai ter a ciência como embasamento para toda e qualquer colocação que ele faça. Agora eu preciso que você entenda com clareza o seguinte ponto: eu também acredito que todo conhecimento é válido, que toda experiência conta, que somos seres inacabados e que nunca será certo colocarmos o conhecimento científico como um saber absoluto em detrimento de qualquer outro conhecimento, seja ele tradicional, filosófico ou religioso. Paulo Freire sabe mesmo das coisas. O caso é entender que já trilhamos um caminho bem longo de conhecimentos acumulados, construídos com base em fatos concretos, repetidos em experiências práticas, e que foram bastante discutidos, até cansar, e dados, pelo menos até agora, como aquilo que é, de verdade. E quase todo conhecimento construído desta forma está nas revistas científicas, nas teses educacionais e nos livros, inclusive, e de forma muito especial, nos livros didáticos. No seu livro didático! Então, queridos, se o seu professor é o cara que se limita única e exclusivamente ao "eu acho...", "pra mim deveria ser...", "se fosse comigo seria assim...", não fica dando ouvido pra ele, porque você está aprendendo só o que ele acha que é, e não o que é, de verdade!!!

Se você está lendo esse texto com atenção, você já entendeu que pode ser tão "inteligente" quanto o seu professor. E isso só depende de você. Digo que só depende de você porque a atitude mais básica nesse sentido é você assumir que a ação de aprender alguma coisa precisa partir de você. Só que você faz o contrário. Você espera seu professor dar o sinal de largada e fica tentando seguir as orientações dele para a realização de toda e qualquer atividade pedagógica. TODA!!!! Desde a hora de você sentar, até a hora de você ficar em pé! Já que estamos falando nisso, deixa eu te dizer outra coisa: sentar e ficar em pé na sala de aula depende só de você, amigão, amigona! Se você ainda acha que só pode se levantar quando o professor "deixa", você ainda não entendeu nada!!!

Daí chegamos naquele momento que você adora, quando o professor diz assim: "trouxe um texto pra gente trabalhar tal assunto". Seu olho vira, seu ombro desce, sua energia se esvai e você solta toda a sua frustração num sonoro "Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, não!". Cara, eu consigo ver essa cena, agora, na minha frente, e digo pra você, do fundo do meu coração: é triste!!! É triste pra caceta!!!!! Você não consegue e nunca vai conseguir entender o tamanho do desapontamento, da chateação e do desgosto do seu professor quando isso acontece. A não ser que você, em algum momento, esteja do lado de cá!!! Pensei uma parada aqui, agora: eu podia fazer um vídeo disso, tipo Diogo Almeida (vai no Youtube e assiste!!! É engraçado demais!!!). Mas não vou fazer, só pra você ter que ler esse texto!! Enfu!!

Continuando!!! Você faz lá o seu showzinho porque o professor pediu pra você ler um texto! Tá, eu vou te dar um crédito, porque pode ter professor que pede pra você ler um texto que nem ele leu! Ou pode ser que ele não tenha tido nem a preocupação de dar uma adaptada no texto, pra deixar ele numa linguagem mais leve, mais divertida, por que não?!! Pode ser que o texto não tenha nada a ver com o assunto que vocês estão trabalhando, ou que o texto seja chato mesmo e o professor não teve tempo de fazer melhor!!! Tá, vamos levar tudo isso em consideração!! Mas nada disso justifica o fato de você chiar mesmo antes de passar o olho no texto. Porque até agora nem entregar o texto o professor entregou, ele apenas sugeriu que vocês trabalhassem o assunto por meio de um texto, e você já chiou!!! Então para de show, e pensa um pouco: o que o professor está passando pra você tem muita chance de estar relacionado com o que vocês estão estudando, pode ser interessante, pode ser até divertido, pode te ajudar muito, pode um monte de coisas legais... e você, antes de tudo começar, transformou tudo num troço chato pra burro!!

Bom, pessoas, por tudo isso, eu estou indicando aqui a leitura de um artigo, escrito pela Carolina Vellei e publicado no Guia do Estudante em 2015, com técnicas que podem te ajudar muuuuuuuito no exercício de interpretação de texto. Aproveite, boa leitura, boa sorte na sua vida estudantil, larga a mão de ser passivo e começa a assumir uma postura ativa nas suas aulas. Segue o link: https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/dicas-estudo/veja-4-tecnicas-para-virar-um-especialista-em-interpretacao-de-texto/.

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